8 de julho de 2009

Insights e citações

Um dia desses encontrei o bloco de notas que levei para a Europa no ano passado. De um lado dele, fiz um diário de viagem (que talvez, um dia, eu publique aqui). Do outro, anotava alguns pensamentos, frases, letras de música... enfim: besteiras e filosofia barata.

Reler essas anotações foi muito interessante. Relembrei como eu estava antes de viajar, como eu me senti durante a viagem, como eu me senti depois e como todos esses sentimentos foram evoluindo até finalmente eu chegar a como estou agora.

Aceitar a separação foi muito difícil por um certo tempo. Minha primeira nota no bloco diz:

A separação não é uma escolha minha, mas o que vou fazer daqui pra frente é.

Comecei a entender que eu não podia fazer nada além das minhas próprias escolhas. As minhas atitudes são minhas e só tenho controle sobre elas. No máximo isso pode influenciar as atitudes dos outros, jamais controlá-las.

Compromisso não é a perda de liberdade e sim o exercício diário dela.

Amor pressupõe liberdade


Foram outras duas frases que anotei.
Não sei se um dia chegarei num estágio de evolução de um amor 100% desapegado, mas eu entendo o quanto o sentimento de amor deveria estar ligado à liberdade da pessoa a quem amamos. Realmente não é fácil, mas esse deveria ser um objetivo a ser perseguido nas relações humanas, não importa quais sejam.

Esse conceito já estava na minha cabeça muito antes do meu casamento relâmpago. E isso pode ser muito complicado num mundo onde poucos entendem que ninguém é dono das pessoas que ama e que a melhor forma de mantê-las bem, felizes e perto é dar-lhes a liberdade para que a exercitem diariamente.

Com o tempo fui percebendo o quanto eu me sentia preso durante o casamento com a Sra. J. E não digo isso no sentido de fidelidade, já que em nenhum momento tive atração por outra mulher. A prisão em que eu estava vinha do sentimento deturpado de J. Não era amor, era apenas possessividade. Uma necessidade de ter o controle tamanha que nem mesmo podia aceitar que eu poderia ter motivos que não viessem dela para ser feliz.

Ao mesmo tempo, ela esperava que eu a completasse e a fizesse feliz. Por mais que eu tentasse explicar, nunca aceitou o fato de que ela mesma deveria ser a principal responsável pela própria felicidade. E que uma pessoa precisa ser completa sozinha. Costumo dizer que o parceiro só pode lhe complementar. Completude e felicidade precisam antes de tudo, vir de dentro.

Colocar essa responsabilidade nos ombros de outra pessoa, além de ser uma baita sacanagem, só vai gerar frustração. Lembro-me da fala de Clementine em "Brilho Eterno...":

Too many guys think I'm a concept, or I complete them, or I'm gonna make them alive.
But I'm just a fucked-up girl who's lookin' for my own peace of mind; don't assign me yours.


E mesmo com tantas divergências tive a chance e resolvi tentar de novo. Muitos me perguntaram (até mesmo eu me perguntei) o porquê. E a verdade é que foi uma fase necessária para que eu entendesse que eu realmente havia feito o possível e que não havia nada para salvar. Era a ficha que faltava cair para que eu me visse enquadrado numa anotação que fiz enquanto passeava nos Jardins de Luxemburgo:

Melhor terminar um casamento pelos motivos certos do que manter-se numa relação pelos motivos errados.

Não me arrependo. Tudo passou e eu aprendi. E muito. Me sinto mais preparado para aceitar a inconstância e a mutabilidade da vida, sem deixar de ter em mente a minha responsabilidade pelo que faço com ela. O que me lembra da letra de Eddie Vedder que anotei no meu bloco:

I know I was born and I know that I'll die
The in between is mine
I am mine


Então, a poucos dias atrás, navegando sem rumo por aí, acabei parando no excelente blog da Nana e um post me fez pensar muito. Um imagem singela mas acompanhada de um texto impactante:

If you hadn't ever left, I never would have found myself. Thank you.


E é isso mesmo. Perdi um relacionamento, mas o troco foi ter me encontrado. Só posso agradecer. E enquanto escrevo, ouço o IPod ao fundo:


You were the one.
Who taught me what I don't need.
And I thank you-
I thank you for that.
You were the one,
Who brought me to my senses.
And I thank you-
Now just leave me alone.

12 comentários:

Crystal disse...

Leo,

Concordo plenamente com voce, o amor pressupoe liberdade e a nossa felicidade depende da gente.

Quanto a música do Eddie Vedder eu até fiz um post sobre ela:

http://soumovidaamusica.blogspot.com/2009/05/i-am-mine-pearl-jam.html

Eu também só posso agradecer por ter me separado, hoje sou muito mais feliz e não vivo em paranóia!

O que importa é o que vamos fazer daqui pra frente!!!

Beijos

Petitinha disse...

Leo,
é muito bom ler esse post, nós que acompanhamos seu blog sempre esperamos aqui pacientemente por ele, porque acreditávamos que você superaria.
Sabe que esse post veio em um bom momento para mim (se você me permite vou tomar sua experiência como lição). Meu namoro está em crise e eu acho que estava esquecendo algumas verdades que você colocou, acho que ainda vale a pena tentar.Você está certo a felicidade própria é responsabilidade de cada um e é preciso mesmo muita evolução para conseguir um amor desapegado, parece inerente ao ser humano tentar controlar o outro, em todas as relações.
Bom saber que você está bem.
BJOKS.

Fofa disse...

Quase chorei... (vc me conhece e sabe o pq!)
Sempre acreditei que um dia leria esse post.
Na verdade sempre acreditei em você.
Nas suas decisões, no que escolheu viver, e em todas suas tentativas.
Digo com o maior orgulho que aprendi e cresci muito com você em todas essas fases.
Ui... E olha que não foram fáceis!
Mas ai esta você, mais lindo que nunca e FELIZ!
Proud of you, da nossa amizade!!!
Beijocas

Leonardo disse...

Crystal,

Essas duas verdades poderiam diminuir muito as mágoas do mundo. Mas... Nem todo mundo consegue ver né?

Eu costumava achar que a expressão "marriage is overrated" era um exagero. Mas na verdade realmente as pessoas tendem a colocá-lo como O objetivo. Não é que seja ruim, apenas não é o Santo Graal da vida humana. Ao menos não deveria ser!

Beijos
E "I am mine" é inspirador. Quem estava no dia 03.12.05 no Pacaembu sabe. http://www.youtube.com/watch?v=bb6FB-u0hyo


Daiana,

Obrigado! É bom saber que vocês se importam. O apoio que recebi dos meus poucos e bons seguidores sempre me deu força!

E fico muito feliz de que essa experiência possa lhe ajudar! Como os chineses já diziam: os sábios aprendem com a experiência dos outros!

Beijo


Fofa,

Agora quem quase chorou fui eu!

Você viu bem de perto tudo o que passei. Acompanhou e me ajudou no meu crescimento e superação.

Tenho muito orgulho dos meus amigos! Quando precisei sempre tive à minha direita um escudo e à minha esquerda uma espada. Você foi uma que sempre esteve lá e não me deixava desistir e sair da linha!

Hey! Ho!

Beijo

Crystal disse...

Leo,

Eu também estava lá no Pacaembu!

Inesquecível!

Intensa disse...

Sensacional este seu texto! Fiquei emocionada!
Concordo muito com você.
Nossa felicidade não pode depender de outra pessoa, só de nós mesmos. E a liberdade é essencial, porque permite que estejamos inteiros.
Ao ler seu post, me lembrei de uma música do Jota Quest:
"Te tenho com a certeza
De que você pode ir
Te amo com a certeza
De que irá voltar
Pra gente ser feliz
Você surgiu e juntos
Conseguimos ir mais longe

Você dividiu comigo a sua história
E me ajudou a construir a minha
Hoje mais do que nunca somos dois
A nossa liberdade é o que nos prende

Viva todo o seu mundo
Sinta toda liberdade
E quando a hora chegar, volta...
Que o nosso amor está acima das coisas...desse mundo"
Beijos

Leonardo disse...

Crystal,

E fui no dia 02 também! E comprei os bootlegs oficiais! E me arrependi de não ter seguido os caras pelo Brasil! Pearl Jam rocks!! rsrs


Intensa,

Obrigado!
Não conhecia essa letra. Ela expressa mesmo muito bem o que eu quis dizer no post.
Volte outras vezes!!

Beijo

N. Ferreira disse...

Adoreeeeeeeei este post e vou colocá-lo na minha listinha TOP TEN POSTs. Não só por ter falado bonito, mas por ter demonstrado que realmente SENTIU essas reflexões como verdadeiras na sua vida.
Separações são sempre terríveis, creio que não só porque fica um buraco, mas tb porque vivenciamos todo um luto por uma série de coisas que imaginávamos que iriam acontecer... viagens, beijos, conquistas, desejos. É preciso enterrar tudo isso junto com o relacionamento.
O legal é que vc consegue ir além do discurso... e consegue realmente reconhecer que não importa como você está, com quem, como... importa que tudo isso é reflexo de decisões e opções SUAS, e portanto passíveis de mudança, sempre reversíveis. Somos autores do nosso roteiro da vida, e a melhor maneira de prever o futuro é simplesmente criá-lo.
Obrigado pela menção ao meu post. Já virei cativa aqui, mas vou devolver-lhe o mérito: como diz o ditado chinês, tudo é símbolo - sábio é quem lê em tudo.
Um beijo grande!

Sisa disse...

Ultimamente tenho ouvido pessoas dizerem que minha liberdade assusta. Eu não tenho raízes, vou pra onde a vida me leva, e muita gente tem dito que analisar minha vida e ver este meu desapego aos lugares, ou "essa facilidade de fazer as malas e ir embora" assusta muita gente. E que isto impede pessoas interessantes de se aproximar. Enfim, o que eu penso disso daria um post enorme (e eu acho que um dia desses até vira post mesmo) mas o fato é que pela primeira vez na vida estou satisfeita com minha solteirice, justamente porque não tenho perto de mim nenhum tipo de amarras. Se eu fico é porque quero ficar. E justamente neste momento as pessoas não se conformam que eu esteja bem assim e insistem que eu preciso ter alguém. Estarei aberta, mas somente pra alguém que entenda que preciso ser livre - mesmo que no mesmo lugar. E isso não tem nada a ver com fidelidade, até porque eu sempre fiz o tipo "mulher de um homem só", rs...

Tem uma coisa que eu queria comentar com vc, mas vai por mail. Beijo.

Leonardo disse...

Nana,

Nossa! Top ten? Que honra! Obrigado!!
Mas minha inspiração foi boa, viu? Você e os patinhos são co-autores!

Beijo grande pra você também!


Sisa,

Liberdade assusta mesmo. Algumas pessoas não sabem lidar nem mesmo com a própria liberdade, quanto mais com a alheia. Mas ainda acho que é o melhor caminho. E vale a pena esperar por quem saiba andar por ele!

Beijo

Juliana disse...

Nossa Leo, vc sabe mais do que ninguém o quanto me alegra ver que vc aprendeu tanta coisa em tão pouco tempo.

Me orgulho de vc meu amigo!!
E me orgulho de mim mesma por ter ficado do seu lado nesse momento difícil e hoje, ver vc bem resolvido.
Agora tenho a chance de aprender com vc também!!

Te adoro!!
Beijos!

Leonardo disse...

Ju,

Você esteve do meu lado e não foi só nesse momento não né? Já estava lá me dando força desde "outros carnavais"! rsrs

Compartilho com você o orgulho pela nossa amizade. Me sinto mesmo privilegiado por ter em você uma grande amiga e por todo apoio sempre que recebi.

Por essas e outras, não tenha dúvida: quando você precisar, pode contar comigo!

Também te adoro!!
Beijos